sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Jornalista por formação e opção

E lá se foram 4 anos! Ao concluir a faculdade, percebo que eu nunca tinha tido uma fase tão contraditória quanto essa que estou vivendo. Oras penso que foram os piores anos da minha vida; outras, penso que foram os melhores; às vezes acho que 4 anos pareciam 8; agora, acho que passou rápido demais.
Quando eu estava no ensino médio, odiava ter que estudar física, química e matemática e achava que quando eu entrasse na faculdade, só iria ter matérias que eu gosto. Engano meu! Quantas aulas teóricas de fotografia (que no fundo, são aulas de física), aulas inacabáveis do professor Laércio e as incansáveis aulas de Audacity, com o professor Danil. Mas enfim, o importante é que essas barreiras foram superadas e que agora tudo isso (bem ou mal), acabou!
Ah, mas depois que você termina a faculdade, as exigências passam a ser outras, e eu agora, me deparei com a temível pós-graduação, ou cursos e mais cursos que terei que fazer para continuar sendo uma jornalista dedicada e atualizada.
Resumindo: " A cidade não para, a cidade só cresce, o de cima sobe e o debaixo desce", Nação Zumbi - A Cidade.

De qualquer forma, sinto-me orgulhosa de ter conseguido chegar até aqui. Foi uma árdua tarefa, sem direito a N1 ou N2, mas que com certeza, me rendeu a melhor nota de todos os anos de estudos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Obama, Tiana e se Deus quiser, muitos outros

Demorou mais de décadas para a Disney perceber que a criação de uma princesa negra poderia ser também, um grande sucesso internacional, assim como foram as demais. O novo filme da Disney, “ A princesa e o sapo”, previsto para ser lançado em dezembro desse ano, terá pela primeira vez na história, uma princesa negra. E o mais surpreendente:Ela nada terá de escrava, coitadinha, empregada ou coisas que geralmente estão interligadas à personagens negros, quando protagonistas.
Talvez não por coincidência, mas na mesma época em que o mundo aplaude de pé a posse do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, conglomerados importantes do país decidem enaltecer a raça negra com uma princesa.
A influência que Barack Obama exerceu sobre o país com seus discursos fortes, contagiantes e fazendo com que todos que acreditassem em seus sonhos poderiam, um dia, realizá-los, de certa forma, reflete em diversos setores da sociedade.
Na época em que eu era criança, as únicas bonecas negras que eu já tive foram trazidas de outro país e eram, de longe, semelhantes à Barbie. Por conta disso, nunca pude escolher realmente a boneca que eu gostaria de ser, nas brincadeiras com as amigas, pois nenhuma tinha fisionomia que remetesse à minha imagem. Nenhum nariz mais largo. Nenhum cabelo crespo ou enrolado. Nenhuma de cor mais escura. Se não existiam Barbies, que dirá princesas, com vestidos elegantes, com histórias encantadas que deixam as meninas de olhos arregalados.
Jamais passou pela minha cabeça que eu pudesse ir para a escola com uma lancheira, mochila ou caderno com uma estampa de uma princesa negra, num período em que imperavam princesas de pela sempre bem clara, cabelos longos e loiros, olhos azuis e nariz finos.
Infelizmente, o meu tempo já passou, mas fico feliz em saber que além da Branca de Neve e da Cinderela, a minha sobrinha poderá embarcar em um novo mundo em que mesmo fisicamente, a princesa estará mais próxima dela.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ah, Conceição!















Que saudades que eu sinto dela
Será que ela também sente de mim?
O meu peito chega a doer
Parece tristeza sem fim

Minha avó, minha vida, minha segunda mãe
Me criastes com carinho, afeto e amor
O seu sorriso nunca esqueço
Sua malcriação, dança e teimosia

Ah, Conceição!
Quando eu menos espero
A sua lembrança vem em minha mente
Um enorme pranto desagua sobre meu rosto
E a vida perde o sentido e o gosto

Busco entender o que é a morte
Pra onde elas vão, aonde e com quem estão...
A única coisa que concluo é a certeza
Do ponto de interrogação

Ah, Conceição!
Por que partiste?
Por que tomastes essa decisão?
Não pensastes em meu coração? Em minha tristeza?

Sei que de onde estas
Estas a torcer por mim
Dos maus elementos me proteger
E que todas as coisas boas que acontecem
Tem seu dedo, sua mão e sua oração
Mas quando me dou conta de que não ouço sua voz
Meu peito chora e revigora o seu perdão

Ah, Dona Conceição!
Tantas brigas, tantas discussões
Tudo isso em vão
Mas no fundo eu sempre soube
Que tú eras a minha proteção
Que somente tú cuidava de mim
E se preocupava e conversava e me entendia
Somente tú falava o que eu queria

E hoje que estou sem ti
Ninguém me ouve
Ninguém me procura
Ninguém cuida de mim
Ninguém me vê

Por isso necessito morrer...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

No primeiro passo já me sinto bem vinda


Há muito tempo venho pensando uma forma para transformar em palavras os milhões de pensamentos, indagações e reflexões que pairam sobre a minha mente. Se não por isso, pelo simples fato de que escolhi seguir a carreira de jornalista, logo, o mínimo que tenho que fazer é escrever.
No entanto, já estou no terceiro ano do curso de jornalismo, e só agora criei vergonha na cara e percebi que criar um blog seria a ferramenta ideal que eu necessitava.
Entre muitos motivos que me levaram a buscar esse espaço é pelo fato que muitas vezes, certos acontecimentos não podem passar despercebido sem um breve relato. E fico imaginando o texto maravilhoso que eu poderia desenvolver se juntasse o fato com a minha (ainda pequena) percepção de mundo. Um exemplo disso foi a candidatura do Presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama. O mesmo país em que uma senhora negra chamada Rosa Parks se recusou a ceder o seu lugar no ônibus a uma pessoa branca e a partir disso, fazendo explodir diversos movimentos sociais de direitos civis alguns anos depois, elege para comandar o país mais importante do mundo em meio a tantas complicações.
Mas, além desse grande acontecimento, tenho um relato que mais me motivou (e me entristeceu), fazendo com que começasse a escrever a primeira página de muitas mil. A caminho do meu cabeleireiro, uma moça de origem humilde (e feições portuguesas) simplesmente me parou na rua e num tom que até agora estou tentando entender se era de pergunta ou afirmação disse:
- Me fala uma coisa. Você como negra poderá me dizer. NÓS os portugueses viemos para cá há muitos anos e conseguimos escravizar todos vocês. NÓS éramos dois e vocês milhões. Como vocês permitiram isso? E surpreendente com tudo o que eu ouvi, consegui apenas olhar para ela num tom de ironia e dizer: Mas quem disse que eram apenas dois? E para a minha surpresa maior ela disse: Tá bom, que fossem dez! Vocês permitiram isso e agora vem falar de direitos humanos? Façam-me o favor, né? E sem que eu pudesse continuar, ela virou as costas e saiu resmungando.
Após tê-la xingado de louca e ignorante, a única coisa que vinha a minha cabeça era indignação. Fiquei tentando entender o que poderia ter passado na cabeça daquela jovem senhora para ela ter ficado com uma vontade incontrolável de saber a resposta de uma pergunta a qual ela mesma respondeu. Pior do que isso, quantas pessoas ela já deve ter feito o mesmo que ela fez comigo? Será que ela teve algum tipo de má relacionamento com alguém afro-descendente que a fez endurecer com todos os negros, em um país em que esses mesmos negros são quase mais da metade da população? O que isso não me faz pensar que muitas outras pessoas já não fizeram o mesmo que ela?
Além de todas as perguntas feitas referentes à ela, fiz uma para mim mesma: Por que eu não reagi, antes de deixá-la escapar? Mas não. Mesmo tomada pela indignação, raiva e nervosismo, continuei meu caminho, contei a cena à todos que eu encontrava e só quando cheguei em casa, e escrevendo todas essas linhas, me lembrei de uma frase do líder Martin Luther King, uma das poucas pessoas que eu admiro, e fui dormir triste.


“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.